A moeda portuguesa de 100 Escudos, emitida em 1989 com o tema “Madeira e Porto Santo – A Conquista do Atlântico“, é um exemplar comemorativo que integra a II Série das Descobertas Portuguesas. Esta série foi criada para celebrar os grandes feitos náuticos da Era dos Descobrimentos, e esta peça em particular homenageia o Descobrimento da Madeira e de Porto Santo, ocorrido entre 1419 e 1420.
Este evento, que celebrou cinco séculos de história marítima, marcou o início da expansão ultramarina portuguesa, sob a orientação do Infante Dom Henrique, e teve como protagonistas os navegadores João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira.
A moeda portuguesa de 100 Escudos 1989 é mais do que um simples meio de troca; é uma peça numismática que encapsula um momento crucial da história de Portugal: o início da sua expansão marítima. Emitida para celebrar o quinto centenário do descobrimento do arquipélago da Madeira, esta moeda comemorativa integra a notável II Série Descobrimentos – À Conquista do Atlântico, prestando homenagem à chegada a Porto Santo e Madeira entre 1419 e 1420 Madeira
Contexto Histórico: O Início da Expansão Ultramarina
O descobrimento e subsequente colonização das ilhas de Porto Santo e Madeira, sob a égide do Infante Dom Henrique, representam o marco inicial da epopeia dos Descobrimentos Portugueses.
A tradição aponta para a chegada a Porto Santo em 1418, por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, e o avistamento da ilha principal da Madeira em 1419, com a colonização formal a iniciar-se em 1420 2 3.
Este feito não só expandiu o território português, mas também serviu como um laboratório essencial para as técnicas de navegação e colonização que seriam aplicadas em escala global nas décadas seguintes.
A moeda de Portugal de 100 Escudos de 1989 insere-se neste contexto de celebração dos grandes feitos náuticos, ao lado de outras emissões da mesma série dedicadas a eventos como o descobrimento dos Açores e das Ilhas Canárias
Características Numismáticas e Técnicas da Moeda
Cunhada pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda (INCM), em Lisboa, a Portugal 100 Escudos comemorativa de 1989 possui especificações técnicas que a distinguem das moedas correntes da época.
| Característica | Especificação |
| País Emissor | Portugal (República Portuguesa) |
| Ano de Emissão | 1989 |
| Valor Facial | 100 Escudos (100 PTE) |
| Composição | Cuproníquel (Cu 750 – Ni 250) |
| Peso | 16,5 g (ou 16,6 gr) |
| Diâmetro | 34,00 mm |
| Espessura | 2,80 mm |
| Borda | Serrilhada |
| Técnica | Cunhagem fresada |
| Gravadores | Isabel Carriço e Fernando Branco |
| Referência de Catálogo | KM# 647 |
| Desmonetização | 2002 (com a introdução do Euro) |
A escolha do cuproníquel e as dimensões (34 mm de diâmetro) são consistentes com o padrão da II Série Descobrimentos
Design e Simbolismo: A Fé e a Navegação
O design da moeda é profundamente simbólico, refletindo a união entre a fé cristã e o espírito de aventura que impulsionou a conquista do Atlântico Porto Santo e Madeira.
- Anverso: Dominado pelo brasão de armas de Portugal, o anverso é sobreposto à Cruz da Real Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo. Este elemento evoca o papel fundamental da fé e das ordens militares nos empreendimentos marítimos. A legenda circular é clara: “REPÚBLICA PORTUGUESA · 100 ESCUDOS ·”
- Reverso: O motivo principal é uma caravela de velas quadradas em plena navegação, símbolo da tecnologia e coragem dos navegadores. A caravela é disposta sobre o mapa estilizado do arquipélago da Madeira e de Porto Santo. As datas “1419” e “1420” assinalam o período do descobrimento. Um detalhe notável é a inscrição “AVE MARIA”, um testemunho da devoção dos navegadores portugueses. As assinaturas dos gravadores, ISABEL C ✠ 1989 ✠ F. BRANCO, e a marca da INCM completam a composição

Contexto da Série Descobrimentos
É importante notar que o ano de 1989 foi significativo para a numismática portuguesa, com a emissão de várias moedas de 100 Escudos comemorativas que se enquadravam na II Série Descobrimentos – À Conquista do Atlântico . Além da moeda da Madeira e Porto Santo, esta série incluiu emissões dedicadas às Ilhas Canárias e ao Arquipélago dos Açores.
Em contraste com as moedas comemorativas de Descobrimentos, a moeda de 100 Escudos corrente emitida entre 1989 e 2001 (KM#645) era bimetálica e apresentava a efígie de Pedro Nunes (matemático e cosmógrafo português) no reverso, rodeada pela inscrição “EUROPA” separada por duas estrelas entre cada letra.
A moeda comemorativa “Madeira e Porto Santo“ de 1989 está disponível no mercado de colecionadores em vários estados de conservação, como Flor de Cunho (FC) ou Soberba (SOB), sendo por vezes vendida em lotes com outras moedas da mesma série.
A cunhagem desta moeda em cuproníquel e com suas especificações (34,0 mm de diâmetro e 16,5 g de peso) é consistente com outras moedas de 100 Escudos da mesma série.
Valor e Colecionismo da Moeda de 100 Escudos de 1989
Embora o valor facial de 100 Escudos tenha sido desmonetizado em 2002, o valor numismático da moeda é determinado pelo seu estado de conservação e pela procura no mercado de colecionadores. Exemplares em estado Flor de Cunho (FC) ou Soberba (SOB) são os mais valorizados. No mercado, a moeda é frequentemente encontrada em valores modestos, refletindo a sua tiragem, mas a sua importância histórica e o facto de integrar a popular II Série Descobrimentos garantem o seu lugar nas coleções de numismática portuguesa 6 7.
A moeda portuguesa de 100 escudos 1989 “Madeira e Porto Santo” permanece, assim, um artefacto tangível que celebra o momento em que Portugal se lançou ao mar, iniciando a sua jornada como potência marítima global.
5 Fatos Curiosos sobre a Moeda de 100 Escudos de 1989 e o Descobrimento da Madeira
A moeda portuguesa de 100 Escudos 1989, comemorativa do descobrimento da Madeira e Porto Santo, é um ponto de partida fascinante para explorar a história numismática e os eventos do século XV que moldaram a expansão portuguesa.
Aqui estão 5 fatos curiosos que ligam a moeda e o contexto histórico que ela celebra:
1. A Moeda Comemorativa e a Moeda Corrente: Uma Diferença Bimetálica
Em 1989, ano de emissão desta moeda comemorativa, Portugal também cunhava uma moeda de 100 Escudos para circulação diária. A curiosidade reside na diferença: enquanto a moeda comemorativa “Madeira e Porto Santo” (KM# 647) era monometálica, feita de cuproníquel e com 34 mm de diâmetro, a moeda corrente de 100 Escudos (KM# 645) era bimetálica e apresentava a efígie do matemático Pedro Nunes. A moeda comemorativa, portanto, destacava-se não só pelo seu design histórico, mas também pela sua composição e dimensões distintas no bolso do cidadão português da época.
2. A Inscrição “AVE MARIA” e a Fé dos Navegadores
Um dos detalhes mais notáveis no reverso da moeda de 100 Escudos de 1989 é a inscrição “AVE MARIA”. Este não é um elemento comum em moedas comemorativas e sublinha a profunda ligação entre a fé cristã e os empreendimentos marítimos portugueses. A inscrição evoca a devoção dos navegadores, que frequentemente se encomendavam à Virgem Maria antes de se lançarem em viagens perigosas pelo Atlântico, reforçando o simbolismo da Cruz de Cristo presente no anverso 2.
3. Porto Santo: O “Primeiro” Descobrimento
Embora a moeda celebre o descobrimento de “Madeira e Porto Santo”, a ilha de Porto Santo foi, de facto, a primeira a ser avistada e pisada pelos portugueses. A tradição aponta para o ano de 1418 como o do descobrimento de Porto Santo, por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, que teriam sido desviados da rota por uma tempestade 3. A ilha da Madeira só seria avistada e explorada no ano seguinte, em 1419, com a colonização formal de ambas a iniciar-se em 1420 Madeira 4.
4. O Nome da Ilha Principal: Uma Referência à Abundância
A ilha principal do arquipélago foi batizada de Madeira devido à imensa e densa floresta que a cobria no momento do seu descobrimento. A palavra “madeira” em português refere-se à matéria-prima lenhosa. A necessidade de limpar a ilha para o cultivo levou a um incêndio lendário que, segundo algumas crónicas, teria durado sete anos, criando as condições para o povoamento e a agricultura, que se tornariam a base da economia da ilha 5.
5. A Lenda do “Porto Seguro” de Porto Santo
O nome da ilha de Porto Santo também está ligado a uma lenda de salvação. Diz-se que os navegadores João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, após a violenta tempestade que os desviou, encontraram refúgio e salvação na pequena ilha, batizando-a de “Porto Santo” (Porto Sagrado) em agradecimento por terem sobrevivido ao naufrágio 6. Esta história de providência divina e porto seguro é um elemento central na narrativa da conquista do Atlântico Porto Santo e Madeira.



